O projecto de transformação de 530 apartamentos de habitação no bairro do Grand Parc Bordeaux, concebido pelos ateliers Lacaton & Vassal architectes, Frédéric Druot Architecture e Christophe Hutin Architecture é o grande vencedor do Prémio Mies van der Rohe de 2019, segundo acaba de anunciar a Fundação Mies van der Rohe. Trata-se do mais conceituado galardão europeu dedicado à arquitectura.

O projecto consiste na transformação de três edifícios de habitação social, construídos originalmente no início dos anos 60.

A grande particularidade desta intervenção começou, desde logo, no interior, por forma a conferir uma maior qualidade de vida aos seus habitantes: mais espaço, mais luz, melhores vistas. A transformação confere “novas qualidades de espaço e de vida, ao nascer um inventário muito preciso das qualidades existentes que devem ser preservadas e das carências que importa preservar”.

De acordo com os autores do projecto, a adição de grandes jardins de inverno e mesmo de varandas brinda a oportunidade, em cada apartamento, de desfrutar de mais espaço e luz natural, mais mobilidade de uso. As pequenas janelas existentes serão substituídas por grandes portas de correr envidraçadas que dão para o jardim de inverno.

O projecto permitiu ainda melhorias ao nível das instalações técnicas. Desde logo a instalação eléctrica das casas de banho, melhorias ao nível dos elevadores. O prémio Arquitectura Emergente 2019 foi atribuído ao estúdio francês BAST pelo projeto “School Refectory” – um novo refeitório em extensão da escola existente, em Montbrun-Bocage, na região de Haute-Garonne, junto aos Pirinéus franceses.
O projeto inclui uma fachada envidraçada que mantém a transparência em relação à paisagem circundante.

Os vencedores do Prémio de Arquitetura Contemporânea foram escolhidos a partir de uma lista de 383 obras nomeadas, de 238 cidades de 38 países, das quais resultaram apenas cinco finalistas: a Clínica Psiquiátrica Caritas, em Melle, na Bélgica, pelo ateliê Architecten de Vylder Vinck, o Centro de Congressos de Plasencia, em Espanha, pelo ateliê Selgascano, a praça Skanderbeg, em Tirana, na Albânia, que juntou arquitectos de três países na sua autoria, e o edifício multiusos Terrassenhaus, em Berlim, pelos ateliês Muck Petzet e Brandlhuber, além do projeto “Grand Parc Bordeaux”, dos estúdios de Frédéric Druot e Christophe Hutin.

Entre os projectos inicialmente nomeados estavam o Terminal de Cruzeiros de Lisboa, de José Luís Carrilho da Graça, e o do Centro Arvo Pärt, na Estónia, liderado por Alexandra Sobral.

O júri deste ano foi composto por Dorte Mandrup (presidente), Frank McDonald, María Langarita, Kamiel Klaasse, ?tefan Ghenciulescu, Angelika Fitz e George Arbid. o valor de 60 mil euros, o prémio instituído pela Comissão Europeia e a Fundação Mies van der Rohe, com sede em Barcelona, é considerado um dos galardões de maior prestígio na área da arquitectura. Bienal, distingue projectos de arquitectura construídos nos dois anos que precedem a sua atribuição. O prémio de Arquitectura Emergente, para profissionais no início da carreira, é dotado de 20 mil euros.
O prémio toma o nome do arquitecto de origem alemã Mies van der Rohe, terceiro e derradeiro director da escola Bauhaus, fundada há cem anos, na Alemanha, que se fixou nos Estados Unidos depois da tomada do poder pelas forças nazis, em 1933. O projecto do arquitecto português Álvaro Siza para o antigo Banco Borges e Irmão, em Vila do Conde, foi o distinguido na primeira edição do prémio, em 1988.